quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Cama compartilhada


Então, como prometido há alguns dias, vamos falar sobre cama compartilhada...
Cama compartilhada é a prática de dormir na mesma cama que o bebê. Existe um debate considerável sobre essa prática, não podendo desmerecer nenhum dos lados pois enquanto alguns pais defendem a privacidade do casal apresentando o bebê para o seu berço logo ao chegar da maternidade, outros lutam pelo contato entre mamãe e bebê em 100% do tempo.
Se pararmos para pensar que na natureza as mães mamiferas afastam-se de sua prole somente para alimentar-se, então fica simples de entender.

Existem vantagens comprovadas em estudos que demostram a maior adesão a amamentação visto que a prática de cama compartilhada facilita muito as mamadas noturnas evitando o deslocamento da mamães até o berço e permitindo amamentar na posição deitada trazendo maior conforto para ambos.

Outra grande vantagem da cama compartilhada citada nos estudos é a diminuição de incidência da síndrome de morte súbita que tem maior freqüência em bebês menores de um ano. A mãe estando alerta aos menores movimentos do bebê corrige seu posicionamento durante o sono.
Outros estudos vão mais longe ao afirmar que crianças que tem contato constante com seus pais são mais seguras, uma prova disso é que todas as crianças que dormem com os pais dispensam o objeto de transição, aquele paninho, ursinho ou travesseirinho no qual as crianças se apegam na hora de dormir.

Lógico que existem várias histórias tristes em que mães sonolentas sufocaram seus próprios bebês durante o sono, no entanto os pais que escolhem a prática da cama compartilhada devem considerar e respeitar alguns limites de segurança:

- Jamais fazer a cama compartilhada quando um dos pais faz uso de álcool, drogas e medicações que causam sonolência e extrema exaustão ou que causam tontura.

- É sempre mais seguro colocar o bebê para dormir entre a mãe e a parede ou grade de segurança, a mãe que normalmente é mais alerta, acordará ao menor sinal de necessidade do bebê, o que não acontece com os papais que tem o sono mais profundo.

- Mães com sono pesado não devem fazer a cama compartilhada.

- O uso excessivo de cobertor e travesseiros extras devem ser minimizados uma vez que podem obstruir o fluxo de ar para o bebê. Colchões de água são totalmente contra-indicados na prática da cama compartilhada.

- Evitar espaços entre a cama e parede, assim não há perigo de queda do bebê. Evitar grades com grandes lacunas e sofás já que o bebê pode colocar o rosto entre suas almofadas.

- Mães muito obesas ou com a mama muito grande devem ter o correto posicionamento para amamentar deitadas, deixando sempre uma área livre para o bebê respirar.

- Com o passar do tempo e desenvolvimento do bebê novas técnicas de segurança devem ser desenvolvidas pelos pais visto que a partir de certa idade o escalar, engatinhar e rolar tornam-se freqüentes.

Pessoalmente gosto muito da prática. Nossa experiência foi um tanto diferente por causa do nascimento prematuro da pequena e a maior freqüência de amamentação ficando com intervalos religiosos de 2 horas para aumentar o ganho de peso e minimizar o refluxo. Após a estadia na UTI somente tivemos o contato mãe-bebê exclusivo no segundo mês, que foi assim por dizer exaustivo. Logo adotamos a prática da cama compartilhada, tomando todas as medidas de segurança.

Quanto a acordar, depois do nascimento de minha filha meu sono tornou-se extremamente leve, ao menor sinal de movimento da bebê eu acordo. Confesso que amamentar deitada no começo foi um dilema, mas assim que pegamos o jeito tudo fluiu naturalmente. Hoje, um ano e meio depois, ainda somos adeptas da cama compartilhada, principalmente porque o papai trabalha em período noturno e temos a cama de casal todinha só para nós duas.


REFERÊNCIAS:
McAninch, J., Sleep and arousal patterns of co-sleeping human mother/infant pairs: a preliminary physiological study with implications for the study of sudden infant death syndrome (SIDS), Am J Phys Anthropol, 83(3):331-47 1990 Nov.

McKenna J; Mosko S., Richard C., Bedsharing promotes breastfeeding, Pediatrics, 100(2 Pt 1):214-9 1997

McKenna J; Mosko S; Richard C; Drummond S; Hunt L; Cetel MB; Arpaia J, Experimental Studies of infant-parent co-sleeping: mutual physiological and behavioral influences and their relevance to SIDS (sudden infant death syndrome), Early Hum Dev, 38(3):187-201. 1994 Sep 15).

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